A partir da década de 1960, a ocupação do território brasileiro por intermédio das monoculturas se aprofundou, com o advento da Revolução Verde, baseada na mecanização e no uso de insumos agroquímicos, especialmente, agrotóxicos. Nas últimas décadas a utilização de agrotóxicos na agricultura brasileira tem assumido proporções alarmantes. Desde 2008 o Brasil é líder mundial no consumo de agrotóxicos (mais de 1 bilhão de litros anuais). Os impactos socioambientais decorrentes deste modelo de agricultura, destacadamente em áreas de Cerrado, multiplicam-se, englobando desde danos ao meio ambiente (contaminação de solos, ar, água) até à saúde de camponeses, trabalhadores rurais (contaminação ocupacional) e consumidores (alimentos com resíduos). Em Goiás, especialmente, os impactos causados pela utilização indiscriminada de agrotóxicos têm causado sérios problemas ambientais, sociais e médicos, como o registrado em Rio Verde/GO, com a pulverização de alunos em Escola Rural, em maio de 2013, quando mais de 100 pessoas foram intoxicadas e o ambiente contaminado.
O presente curso tem como objetivo geral promover a reflexão-ação-reflexão sobre a produção/comercialização/utilização de agrotóxicos no Cerrado goiano e analisar os impactos socioambientais ocasionados por estes produtos. Para isto, realizaremos um estudo sobre os agrotóxicos, a fim de promover um processo de formação/conscientização de agricultores camponeses, lideranças e técnicos atuantes na agricultura. Esperamos consolidar um espaço que possa incentivar o combate da utilização de agrotóxicos e a busca de alternativas socialmente justas e ambientalmente sustentáveis. Para tanto, realizaremos nos dias 11, 12 e 13 de Abril de 2019, a primeira edição do curso, na Cidade de Goiás. Apresentamos abaixo os tópicos a serem abordados e a programação geral do curso:
- Questão Agrária no Brasil.
- Agrotóxicos e Saúde: as relações entre o uso de agrotóxicos e as diferentes doenças;
- Agrotóxicos e Meio Ambiente: as contaminações da água; dos animais e do território;
- Agrotóxicos e Questões Jurídicas e Políticas Públicas: O PL do Veneno e o PL do PNARA
- Articulação Política e Comunicação: Entrelaçando atores, construindo alternativas
| PROGRAMAÇÃO |
| Dia 11 de abril / Quinta-feira – UEG Cora Coralina |
| Manhã |
| Abertura Oficial Murilo Mendonça Oliveira de Souza Questão Agrária e Agrotóxicos Impactos dos agrotóxicos sobre as abelhas |
| Tarde |
| Comunicação e enfrentamento aos agrotóxicos Dagmar Olmo Talga, Nilton José dos Reis Rocha |
| Dia 12 de abril / sexta-feira – UEG Cora Coralina |
| Manhã |
| Agrotóxicos, Políticas Públicas e Enfrentamentos Jurídicos Cleber Adriano Rodrigues Folgado, Aderson Liberato Gouveia |
| Tarde |
| Panorama Epidemiológico dos Agrotóxicos em Goiás Lorena Nunes Martins Agrotóxicos e Questão Ambiental |
| Dia 13 de abril / sabado – UEG Cora Coralina |
| Manhã |
| Agrotóxicos e Saúde: as relações entre o uso de agrotóxicos e as diferentes doenças Ada Cristina Pontes Aguiar Estratégias de articulação no combate aos impactos dos agrotóxicos |
Público Alvo
aberto à população de modo geral, esse curso tem como foco principal os agentes de saúde – vinculados ou não ao SUS; profissionais atuantes nas questões correlatas ao Meio Ambiente; professores; pessoas ligadas aos poderes públicos municipal, estadual e federal; bem como pessoas ligadas aos setores de saúde, jurídico e ambiental dos movimentos sociais.
Perfil dos Professores
Ada Cristina Pontes Aguiar
Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Especialista em Saúde da Família pela UNA-SUS/UFC, com trabalho de conclusão de curso desenvolvido na temática Saúde do(a) Trabalhador(a). Mestra em Saúde Coletiva pela UFC, com trabalho desenvolvido na área de Saúde, Ambiente e Agrotóxicos. Participa como pesquisadora do Núcleo Trabalho, Meio Ambiente e Saúde (TRAMAS), vinculado ao Departamento de Saúde Comunitária da UFC. Professora da área de Saúde Coletiva na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Cariri (UFCA), desde 2016. Atua como preceptora do Programa de Residência de Medicina Geral de Família e Comunidade da UFCA, desde 2017, no município de Barbalha (Ceará). Supervisora do Projeto Mais Médicos para o Brasil nos municípios de Santana do Cariri, Tarrafas e Saboeiro (Ceará). Possui experiência na área de Saúde da Família, Saúde e Ambiente, Saúde do Trabalhador e Saúde Coletiva.
Aderson Liberato Gouvea
Está no segundo mandato consecutivo de vereador na Câmara Municipal de Goiás, pelo Partido dos Trabalhadores. Formado em História pela UEG e especializado em Educação e Diversidade Camponesa pela UFG, Aderson tem atuação no campo e na cidade. É membro do Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores, do conselho da Rádio Vila Boa FM, agente da Comissão Pastoral da Terra. Como vereador se destaca pela atuação em defesa de causas populares. Aderson foi autor de leis importantes, como, por exemplo, a Política Rural Municipal, a Lei de proteção aos animais de pequeno porte, lei dos médicos plantonistas, leis para adequações em espaços públicos de atendimento à população, e instituiu comemorações municipais, como Dia da Consciência Negra e Dia da Reforma Agrária. Criou a Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Atualmente é líder do governo na Câmara, relator da Comissão de Finanças e Orçamento, e Presidente da Comissão de Diretos Humanos.
Lorena Nunes Martins
Possui graduação em Gestão Ambiental pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (2006) e especialização em Vigilância em Saúde pelo Instituto Sírio Libanês de Ensino e Pesquisa. Atualmente trabalha como técnica da Secretaria de Saúde do Estado de Goiás atuando na área de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador, com foco em populações expostas a contaminantes químicos, principalmente agrotóxicos.
Leonardo Melgarejo
Possui graduação em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1976), mestrado em Economia Rural pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1990) e doutorado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (2000). Atualmente é professor colaborador do Mestrado Profissional em Agroecossistemas da UFSC e vice presidente da Associação Brasileira de Agroecologia para a região Sul. Tem experiência em agricultura, agroecologia, avaliação de bioriscos com OGMs, reforma agrária, desenvolvimento rural, extensão rural.
Edson Batista da Silva
Possui graduação em Licentura Plena em Geografia pela Universidade Estadual de Goiás (2005), Especialização em Educação Ambiental pela Universidade Federal de Goiás (2009), Mestrado em Geografia pela Universidade Federal de Goiás (2014) e Doutorado pela Universidade Federal de Goiás (2018). É membro do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Geografia Agrária e Dinâmicas Territoriais (NEPAT) da Universidade Federal de Goiás-Instituto de Estudos socioambientais e do Grupo de Estudo e Pesquisa em Espaço Rural (GEPER) da Universidade Estadual de Goiás-GO, assim como do GWATÁ- Núcleo de Agroecologia e Educação do Campo. Atualmente é professor em regime estatutário pela Universidade Estadual de Goiás,Tem experiência na área de Geografia, com ênfase em Geografia agrária, atuando principalmente nos seguintes temas: Territórios em Disputa, Educação do Campo, Educação Ambiental, Agroecologia, campesinato e Ensino de geografia.
Cleber Adriano Rodrigues Folgado
Mestrando em Direito pela Universidade Federal da Bahia – UFBA (área de concentração: Direitos Fundamentais e Justiça. Linha: Direitos Pós-Modernos: Bioética, Cibernética, Ecologia e Direito Animal. Projeto de Pesquisa: Historicidade do Estado e do Direito: interações sociedade e meio ambiente). Bacharel em Direito pela Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS (Turma Elizabeth Teixeira – Pronera). Membro do Fórum Nacional de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos e Transgênicos (FNCIAT) e do Fórum Baiano de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos (FBCIA). Atualmente coordena a comissão de regulação do FNCIAT. Membro da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA) e da Rede de Estudos Empíricos em Direito (REED). Trabalha desde 2000 com o Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA, onde atuou como educador popular e participou das diversas instâncias da Via Campesina nacional e internacional. Tem vasta experiência na área de gestão, formação e articulação política. Foi um dos fundadores e primeiro secretário executivo da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida. É camponês com prática em agroecologia e experiência de trabalho com a temática (palestras e assessoria) no Chile, Argentina, Colômbia, Paraguai, Uruguai, Equador, Bolívia, Venezuela, Nicarágua, El Salvador, Panamá e Cuba. Colabora como pesquisador voluntário no Observatório da Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e da Floresta (OBTEIA) coordenado pela Universidade de Brasília em parceria com o Ministério da Saúde. Foi membro titular do Grupo de Trabalho de construção do Plano Nacional de Redução do Uso de Agrotóxicos (PRONARA) dentro da Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica – CNAPO, instituída pelo Governo Federal, sendo o autor da primeira versão do texto. Atualmente tem se dedicado a estudar o sistema normativo de agrotóxicos e seus impactos socioambientais.
Carlos de Melo e Silva Neto
Graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Goiás (2009). Especialização em Direito Ambiental da PUC/GO (2011), mestrado em Biodiversidade vegetal pela Universidade Federal de Goiás e Doutorado no Programa de Pós-graduação em Agronomia (Produção vegetal) da mesma instituição. Orientador no Programa de Pós-graduação em Recursos Naturais do Cerrado (RENAC) da Universidade Estadual de Goiás e no Programa de Pós-graduação em Tecnologias de Processos Sustentáveis no IFG. Trabalho atualmente com agroecologia, valoração dos serviços ecossistêmicos de polinizadores, florestas, restauração ecológica de ambientes degradados e redução e gerenciamento de resíduos. carloskoa@gmail.com / carlos.neto@ifg.edu.br
Dagmar Olmo Talga
Mestre em Comunicação pela Faculdade de Informação e Comunicação – Universidade Federal de Goiás – UFG (2017). Especialização em Gênero e Diversidade na Escola – Universidade Federal de Goiás – UFG (2016). Graduação em Comunicação Social pelo Centro Universitário do Triângulo/Unitri (2005). Realizadora Audiovisual – Essá Filmes. Pesquisadora do Núcleo de Agroecologia e Educação do Campo – Gwatá na Universidade Estadual de Goiás – UEG e do Coletivo Magnífica Mundi da Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia – FIC da Universidade Federal de Goiás – UFG. Integra o Coletivo de Comunicação do Cerrado e a Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil. Colaboradora da Comissão Pastoral da Terra – CPT e Conselho Indigenista Missionário – CIMI. Atriz profissional filiada ao Sated – RJ.
Murilo Mendonça Oliveira de Souza
Possui graduação em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e em Geografia pela Faculdade Católica de Uberlândia (2009), mestrado em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia (2004) e doutorado em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia (2011). Participou do programa MAST de Agricultural Education na Universidade de Minnesota nos Estados Unidos (2000-2001) e do Curso de Aperfeiçoamento em Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável pela Universidade de Berkeley (2006). Atualmente é professor efetivo do curso de geografia da Universidade Estadual de Goiás (UEG/Goiás). Tem experiência na área de Geografia Agrária, com ênfase em Questão Agrária, atuando principalmente nos seguintes temas: campesinato, agroecologia, reforma agrária, desenvolvimento rural, extensão rural, sociologia rural e assentamento rural.
Nilton José dos Reis Rocha
É graduado em Jornalismo pela Universidade Federal de Goiás (1973), onde é professor adjunto. Atualmente é doutorando no Programa Pós-colonialismos e Cidadania Global, no Centro de Estudos Sociais/Faculdade de Economia, da Universidde de Coimbra. . Tem experiência na área de Comunicação, com ênfase em práticas populares de comunicação, atuando principalmente nos seguintes temas: comunidade, movimentos sociais e comunicação, novas tecnologias e ciberespaço, redes populares de conhecimento. Co-coordenador do Projeto BRABO, Brasil-Bolívia, com o Curso Internacional de Cine Documental Sin Fronteras. É um dos criadores da Magnifica Mundi, webtv na UFG.
