Aprendizado Militante

Foto: Daniela Santos
Tamires, Tabata e Launa, estudantes de Engenharia Florestal em Sinop Mato Grosso e integrantes da Associação Brasileira de Estudantes de Engenharia Florestal (ABEEF).

O Mato Grosso mantém, desde 2012, um patamar acima de 1.000 km² de desmatamento por ano. O estado é o segundo que mais desmata a Amazônia brasileira, atrás apenas do Pará. Além disso é reconhecido como o paraíso do agronegócio monocultor, especialmente intensivo nos cultivos de organismos geneticamente modificados, com alta carga de agrotóxicos.

Tamires, estudante de Engenharia Florestal na Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Campus Sinop, veio ao evento como integrante do movimento estudantil de visão agroecológica. Ela almeja a transformação sua formação profissional, e o “aprendizado militante, e da vida mesmo”

O que te trouxe até aqui, Tamires? Como você percebe os debates nas Mesas Redondas e o tema dos agrotóxicos em seus desdobramentos socioambientais?

“Enquanto estudante de Engenharia Florestal, eu vejo que os agrotóxicos e o agronegócio em si é um fator principal na destruição das florestas e dos povos também. Então, estão esses povos estão sendo expulsos de seus território. Isso refletiu bastante no debate sobre impactos socioambientais. Nós tratamos bastante sobre o impacto sobre os povos tradicionais e nossas riquezas naturais…, refleti sobre isso as estratégias de como combater isso!”

Como você vê o contexto de Mato Grosso e, relação ao agrotóxicos e a interação com esses territórios em disputa?

“Lá, o Mato Grosso, é a casa do agronegócio, né? Então lá o monocultivo da soja, do milho, do algodão é o que domina a geografia do estado de modo geral. Não existe uma fiscalização, não existem estruturas do governo do estado que, de alguma forma, combatam isso ou que tentem amenizar. As pessoas estão completamente a mercê disso, seja no alimento ou em todo nosso ambiente contaminado.”

Segundo Tamires, estudos encontraram Atrazina (herbicida) em todos os corpos d’água analisadas. Outro estudo em torno do leite materno de mães expostas aos agroquímicos preocupa por ter registrado a presença de poluentes orgânicos persistentes.

“Eles colocam para nós o modelo tecnológico do agronegócio mesmo. A receitinha do pacote tecnológico: plantar o transgênico, o receituário agronômico e é isso! A lógica que a Engenharia Florestal segue muitas vezes é a lógica do monocultivo do eucalipto, do pinus, enfim, muitas vezes da industrialização madeireira, da serraria. Então, ela não vem no sentido de amenizar isso, pelo contrário, vem como uma ferramenta para fortalecer so impactos e a forma como acontece.

Haveria uma resposta a isso? Alternativas em direção ao que seria uma Engenharia Agroecológica?

Dentro do curso, a gente discute, mas em uma auto organização, são estratégias pontuais, são movimentos pontuais em que a gente se organiza…

Seriam os movimentos sociais que levam adiante essas alternativas?

Exato! É o movimento estudantil, o movimento social. Eu mesma faço parte da Associação Brasileira de Engenharia Florestal (ABEEF). Nós pautamos o tempo todo isso: qual formação profissional que nós queremos e qual modelo produtivo entendemos que seja o mais adequado, que é a agroecologia, que é o modelo verdadeiramente sustentável e que trás o desenvolvimento pros povos, a soberania alimentar, a conservação ambiental Hoje a gente vê que a ideia do sustentável ficou muito banalizada, muito comercial. A gente questiona isso: o que é ser sustentável sem essa lógica capitalista? Então, a agroecologia traz isso…

 

Texto por Renato Lula da Silva

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