Texto e foto: Ludmilla Balduino
Entre as conversas sobre os impactos dos agrotóxicos na sociedade, no meio ambiente e na saúde, o primeiro dia do Seminário “Agrotóxicos, Impactos Ambientais e Direitos Humanos” também foi marcado por uma roda de conversa sobre alternativas para o enfrentamento aos agrotóxicos.
Integrada por educadores, pessoas interessadas em práticas agroecológicas e estudantes de cursos relacionados à educação no campo, a roda de conversa “Educação em Agroecologia e Estratégias de Enfrentamento aos Agrotóxicos” ocorreu nesta segunda-feira (10) no espaço de convivência Regina Lacerda, no campus Cora Coralina da Universidade Estadual de Goiás (UEG), na histórica cidade de Goiás (GO).
Mediada por Patrícia Tavares, professora do Instituto Federal de Brasília (IFB) e do grupo de trabalho Cultura e Comunicação da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), a roda de conversa teve três momentos importantes.
O primeiro foi de reflexões sobre o status atual da pesquisa e da extensão nas instituições acadêmicas. Os participantes concordaram que os Núcleos de Estudos em Agroecologia das universidades só conseguem efetivar as práticas agroecológicas quando há organização social.
Também houve uma discussão sobre a importância da ciência como espaço de criação, valorizando saberes tradicionais para a construção do conhecimento, ou seja, constatou-se a necessidade de aliar os conhecimentos dos povos da terra aos conhecimentos acadêmicos para efetivar estudos e práticas agroecológicas.
No segundo momento, falou-se sobre o ensino descontextualizado da realidade, a falta de formação continuada e os muros criados pelas instituições, que costumam separar a construção do saber acadêmico do conhecimento popular.
A partir daí, começaram a ser pontuados os desafios. Entre eles, construir um diálogo com a sociedade, formando uma rede eficiente de comunicação entre campo e cidade. Os participantes ressaltaram a importância de romper os conceitos advindos da ciência positivista, muito praticados na universidade; de trabalhar em rede; e de criar uma formação continuada.
Também discutiram as relações com a juventude: é necessário, segundo os integrantes da roda de conversa, um fortalecimento das relações entre educadores e estudantes para desenvolver autonomia e organização estudantil, e promover a participação deles em editais para ampliar as áreas de atuação da agroecologia no país.
No terceiro momento da conversa, foram pontuadas as ações para que todas essas ideias fossem postas em prática de forma imediata e eficiente. Entre elas, criar disciplinas como núcleo livre e rodas de conversas virtuais ou itinerantes; produzir materiais que permitam diálogo interdisciplinar; articular editais com as agências de pesquisa e extensão locais e estaduais e organizar em sindicatos para fortalecer as instituições.
Esses compromissos firmados entre os presentes devem ser postos em prática em Institutos Federais, escolas rurais e outras instituições de ensino envolvidas com educação no campo no Centro-Oeste do Brasil.
Sobre o Seminário
O Seminário “Agrotóxicos, Impactos Socioambientais e Direitos Humanos”, acontece pela terceira vez na cidade de Goiás. O evento, que em 2018 toma caráter internacional, vai até o dia 13 de dezembro.
O evento é organizado pelo Gwatá – Núcleo de Agroecologia e Educação do Campo, da Universidade Estadual de Goiás (UEG), pela Universidade Estadual de Goiás (UEG); Associação Brasileira de Agroecologia (ABA); Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida; Comissão Pastoral da Terra (CPT); Diocese de Goiás (GO); Comissão Dominicana de Justiça e Paz e Naturaleza de Derechos.
O objetivo é ampliar e fortalecer o debate internacional sobre o uso dos agrotóxicos e sua relação com os direitos humanos e da natureza. Também é de interesse dos organizadores e participantes contribuir com o desenvolvimento científico sobre o tema e fortalecer a inserção dos saberes populares nesse debate. Saiba mais sobre o evento.